Festival de Inverno de Jaú recebe Big Band, Lalah Mahigo e Vando Infante


vando pequena

O Grupo de Referência de São Carlos – Big Band apresenta-se com Lalah Mahigo (voz) e Vando Infante (percussão; foto), sob a regência de Edison Penteado, dia 5 de julho, às 20h, no Festival de Inverno de Jaú. O concerto promete repetir o sucesso do Guri Convida realizado em São Carlos, no mês de maio, e será a última grande apresentação com a dupla de intercambistas do MOVE (Musicians and Organizers Volunteer Exchange). A abertura do evento fica por conta dos alunos do Polo Regional Jaú.

O repertório do espetáculo é predominantemente instrumental, com faixas como Brass Machine (Mark Taylor), El Gatotriste (Chuck Mangione), Chega de Saudade (Tom Jobim), Slightly out of tune (Tom Jobim) e Sei Lá (Toquinho), além de músicas africanas como Malangavi (de Arão Litsure, na voz de Lalah Mahigo), Podina (de Dilon Djindji, na voz de Lalah Mahigo) e Moz Braza Song (de Vando Infante, executada em dueto com o baterista Nicholas Simões Martins).

 

Festival de Inverno de Jaú
Igreja Matriz Nossa Senhora do Patrocínio
R. Visconde do Rio Branco, 333, Centro – Jaú/SP
Dia 5 de julho, às 20h
Evento gratuito e aberto ao público

 

MOVE
O programa MOVE (Musicians and Organizers Volunteer Exchange) promove o intercâmbio cultural entre jovens músicos voluntários e as organizações parceiras Music Crossroads Malawi, Music Crossroads Mozambique, Amigos do Guri (Brasil) e JM Norway (Noruega). Em 2016, quatorze jovens já foram beneficiados – entre os brasileiros, quatro vagas foram disputadas por 52 candidatos.

Grupo de Referência de São Carlos – Big Band
Composto por instrumentos de sopro (madeiras e metais), percussão, bateria, baixo elétrico, teclado e guitarra, o grupo executa um repertório eclético, com a proposta de praticar e difundir a música popular brasileira e internacional. Em 2012, participou da Rio + 20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável) e fez um concerto dedicado a Moacir Santos, com arranjos e regência de Rafael dos Santos. No ano seguinte, tocou ao lado de Vinícius Dorin, Nelton Essi, Sidnei Burgani e Fernando Correia. Em 2014, o grupo apresentou-se com o quarteto Eduardo Espasande, César Roversi, Sidnei Burgani e Sergio Cascapera. Em 2015, tocou com o saxofonista Rafael Leme e o guitarrista Fábio Lopes. Os moçambicanos Lalah Mahigo e Vando Infante, intercambistas do Projeto MOVE (Musicians and Organizers Volunteer Exchange), foram os convidados de 2016.

 

 vando e lalah pequeno

Lalah Mahigo
Iniciou-se na música cantando em grupos infantis na igreja que frequentava, em Moçambique. Fez coro para o irmão e outros cantores. Em 2010, ganhou um torneio musical da faculdade e, no ano seguinte, participou de um concurso vocal nacional. Fundou com os amigos a Xikentoh, banda que ficou conhecida em 2013 durante um reality show. Nascida Carla Manuel Luis, a artista adotou o nome de Lalah Mahigo: Lalah, de CarLA; e Mahigo, em homenagem a bisavó.

Vando Infante
O jovem de 24 anos nasceu em Maputo, capital moçambicana. Em 2010, começou a tocar bateria e criou a banda Nandov Nandov. De 2012 a 2014 fez parte do festival cultural Umoja. Também já trabalhou com músicos como Stewart Sukuma, João Cabral, Mingas, Izabel Novela, Cremildo Caifás, Elcides Carlos, Banda Kakana, Hortêncio Langa, Banda Zambeze e José Sérgio Pereira.

 

Confira nossa entrevista com Vando Infante:
Por que você escolheu participar das atividades na Fundação CASA?
A diretora olhou para mim e disse: ‘você vai dar aulas na Fundação CASA’. Eu perguntei o que tinha de bom lá pra mim e ela disse ‘vai ser homem!’. Ela me explicou um pouco da situação enfrentada pelos jovens e o que mais me motivou foi quando ela disse que a Fundação tinha um grupo de percussão muito bom.  Aceitei na hora. Cheguei aqui (na Regional de São Carlos) e a Edenilva (coordenadora Regional) me disse a mesma coisa. Não via a hora de começar. Cada dia é uma alegria, cada dia aprendo mais. ‘Tio Vando’, assim que me chamam.

Parece que você é muito emotivo e essa característica foi externada em vários momentos.
Eishhhh! Nem sei como começar.  Sou uma pessoa muito profunda, principalmente em situações que mexem comigo. Preocupo-me com os outros. Um dos exemplos vividos foi o primeiro dia na Fundação CASA. Fiquei chocado quando vi um menino dos seus 12 ou 13 anos. Vieram várias perguntas na minha cabeça, até pensei em levar o menino para casa. Fiquei algumas semanas pensando naquele e em outros detalhes. Jaú também foi um dos lugares onde fiquei emocionado com os alunos de bateria. Era um sonho meu tocar desde pequeno, mas infelizmente não foi possível. Eu vi que as crianças estavam tocando com amor. Eu disse que não tive a oportunidade de começar com a idade deles por vários motivos, mas que eles levassem a música a sério e incluíssem o amor em tudo. No seminário (Ser Criativo) aconteceram várias coisas, aprendi muito e nunca tinha participado de um programa com mais de 500 músicos. Foi um momento único e inesquecível para a minha carreira. Quando eu relatei minha experiência, senti uma coisa dentro de mim que nunca senti. Lembro-me daqueles dias vividos como se fosse hoje.

Qual foi a experiência mais interessante que você vivenciou no Projeto Guri?
Foram vários momentos únicos. Nunca pensei que tivesse esse lado de dar aulas, principalmente para crianças.  Ensinar os alunos a tocarem ritmos africanos com alegria, tanto no polo, como na Fundação CASA foi uma experiência muito boa.

O que você achou do Projeto Guri com relação à música e inclusão de crianças e jovens?
A música tem uma grande importância na inclusão social. Percebi que o Projeto dá oportunidade às crianças desfavorecidas e com deficiência. A música pode ser um grande passo para a construção da autoestima.  A música é o elemento facilitador que permite uma melhor inclusão do indivíduo na sociedade. Parabenizo o Projeto Guri pela iniciativa de ajudar essas crianças.

O que achou de participar do concerto Guri Convida?
A minha participação no concerto do Guri Convida foi uma honra e alegria desde o primeiro dia em que foi feito o convite. Nunca tinha trabalhado com uma orquestra e foi muito bacana. Muito ensaio, aprendizagem e dedicação.  Parabenizo aos Guris pelo lindo show.

Como foi a experiência musical na região?
A experiência foi super boa. Tive oportunidade de participar de uma roda de maracatu onde fiquei apaixonado pelo ritmo e outros estilos de etnia afro-brasileira. Vi que o mundo é muito grande, mas ao mesmo tempo é muito pequeno. E também vi que a música é uma linguagem universal mesmo. Tive oportunidade de conversar com alguns músicos e vi que são personagens completamente diferentes, mas que falam a mesma língua, que é a música.

Qual foi o maior desafio que enfrentou nesse período?
(Risos) Foram vários desafios! Ficar longe da minha família e amigos, dividir a mesma casa com pessoas com culturas diferentes, habituar-se a vida brasileira. Por vezes eu me perguntava o que é que estava fazendo aqui. Por que Deus permite isso em minha vida? Foram tantas as perguntas que me fiz, mas cheguei a uma conclusão que enfrentar a vida e entende-la é algo muito difícil. Quem disse que seria fácil?! Aprendemos a viver até o dia da nossa morte, a vida é um aprendizado!

A música abriu outras portas, como a convivência social?
A convivência humana é onde nós aprendemos a lidar com os outros de uma forma amigável e saudável, onde o homem aprende com todos e não só com ele mesmo. Em algum momento essas pessoas se tornaram especiais na minha vida, me deram força. Eu levo essas pessoas comigo, no meu coração. Agradeço a Deus por essas maravilhas na minha vida.

O que pensa em fazer após voltar para o seu país?
Bom, vou continuar a estudar e trabalhar como voluntário no programa MOVE. Tenho alguns projetos pela frente, como trabalhar com crianças em orfanatos, levando artes e culturas, ensinando a tocar instrumentos, além de dança, pintura, canto e literatura. E também quero fazer aquilo que eu mais gosto que é tocar. Enquanto eu toco as pessoas vão dançando ao som e ritmo da bateria e isso me alegra.

 

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