Projeto Guri celebra 120 anos de Pixinguinha – e 100 anos de ‘Carinhoso’


Grupo Choro e Prosa

Grupo Choro e Prosa, formado por quatro integrantes do Projeto Guri, preserva a memória de Pixinguinha

Autor de Carinhoso, faixa que completa 100 anos, Pixinguinha é um dos nomes mais importantes da cultura brasileira: misturando as valsas e modinhas do início do século 20 a temas afro-brasileiros, o compositor renovou a música e é considerado o “pai do choro”. Responsável por tanta inovação, o músico, que faria 120 anos em 23 de abril, será tema de diversas atividades no Projeto Guri – maior programa sociocultural brasileiro, mantido pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.

Além da efeméride dos 120 anos, o estudo sobre Pixinguinha merece motivação extra em 2017: a consciência negra é um dos temas que norteiam o trabalho do Guri neste ano. Assim, a vida e a obra do artista serão estudadas em diversos dos polos do Projeto Guri, que está espalhado por 283 municípios do Estado. A maior parte dessas ações deve ocorrer na região de Sorocaba, relevante núcleo do choro paulista.

No dia 22, haverá apresentação do grupo Choro e Prosa, formado por educadores do Projeto Guri e premiado no Mapa Cultural Paulista na edição 2015/2016. Em julho, o conjunto volta a se apresentar em São João da Boa Vista. Em outubro e novembro, o trabalho de Pixinguinha será tema do EmCena – evento que reúne diversos polos de ensino de uma mesma região para promover o intercâmbio de experiências artísticas e pedagógicas.

Daniel Pereira, supervisor educacional da Regional Sorocaba, conta um pouco sobre o tema:

Qual a relevância de Pixinguinha para o projeto Guri?

Estou  no Guri há 11 anos e sempre trabalhamos Pixinguinha, mas este ano daremos um destaque inédito. O gênio do choro completa 120 anos e o racismo é nosso tema em desenvolvimento social.  Ele não se deixou abalar pelo preconceito, pois entendeu o pensamento da época. Foi um cara humilde, bondoso e um dos nomes mais importantes da música brasileira.

Como o tema será trabalho pela instituição?
Fizemos um projeto para falar sobre sua obra e o preconceito racial que ele sofreu. Passei dois arranjos como sugestão de trabalho nos polos: Carinhoso, música que completa 100 anos; e Lamentos, obra que trata sobre a questão do racismo. Para a segunda faixa, indiquei um vídeo no qual o flautista Altamiro Carrilho conta a história do choro e retrata o preconceito que Pixinguinha viveu no Rio de Janeiro.

Na prática, como os alunos estudarão o compositor?
Eu passei as sugestões e compartilhei o vídeo. Cada educador escolhe a melhor maneira de trabalhar. O educador de violão do Polo Conchas, Marcus Felipe, por exemplo, convidou um amigo flautista para dar uma palestra ‘A Desconstrução do Racismo e Preconceitos’, no dia 14 de março. A atividade fez tanto sucesso que se repetirá nos polos Tietê e Capela do Alto, no mês de maio. O mais importante é que os alunos aprendam a importância dele para o choro e reflitam sobre essa página cruel do preconceito. O Guri abrange alunos de todos os tipos e esse tipo de atividade ajuda muito no desenvolvimento. Levar esse personagem aos alunos é um grande exemplo, uma missão de paz.

O aprendizado será exibido pelos alunos em algum momento?
Sim. Em outubro, o EmCena (encontro de polos) de cordas dedilhadas de Sorocaba terá Pixinguinha como mote. O mesmo ocorrerá com o EmCena de sopros, em novembro.

Em que momento você se envolveu com esse gênero musical?
Eu nasci em São João da Boa Vista e por volta dos 15 anos me interessei pela música com o professor Jorge Assad, pai da Badi Assad e dos irmãos do Duo Assad (Sérgio e Odair). Ele tocava bandolim e ensinava os alunos a acompanhar os chorinhos. Depois me formei em violão clássico e bandolim pelo Conservatório Musical de Tatuí. Desde então, toco no grupo Choro e Prosa ao lado da minha mulher, Josiane Gonçalves (professora de violão do Conservatório de Tatuí e do Projeto Guri, no Polo Cerquilho), Everton Correa (percussionista e educador do Polo Cerquilho), Rodrigo Nilo (cavaquinhista e educador do Polo Cerquilho). O grupo foi premiado no Mapa Cultural Paulista na edição 2015/2016.

Por que Choro e Prosa? Como é o show de vocês?
Além dos temas de choro que estão surgindo, trabalhamos o resgate do gênero. Entre uma música e outra contamos histórias sobre a influência africana e europeia, o surgimento do gênero, curiosidades sobre os compositores. Na música muita gente conhece o choro, mas ele vai além, faz parte da história brasileira. E a região de Sorocaba tem um núcleo forte de tradição do choro, principalmente nas cidades de Tatuí, pelo Conservatório, e na cidade de Avaré, com o renomado Clube do Choro, sob a coordenação do bandolinista Altino Toledo.

Como está a agenda de shows do grupo?
Dia 22 faremos dois shows (em Laranjal e Itapetininga) e dias 26 e 27 de julho fomos convidados para apresentar nosso trabalho no Festival Assad, em São João da Boa Vista.

Choro & Prosa
Quando:
dia 22 de abril 
Em duas cidades:
às 10h00, em Laranjal Paulista, no coreto, grátis; e às 20h, em Itapetininga, no espaço Cultural Travessa 81, R$ 20.
Parceiros locais: Prefeituras da região de Sorocaba onde há projeto Guri

 

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