Musicografia em Braille: mais um passo na direção da inclusão


Cerca de 20 profissionais da Amigos do Guri, que trabalham nas regionais administrativas da organização, receberam, em março, uma capacitação em Musicografia em Braille, para melhor auxiliarem os Educadores que atendem alunos deficientes visuais, e tornarem-se multiplicadores desta incrível criação.

Ministrado por Fábio Bonvenuto, que atua há 12 anos na área e é referência no ensino de música para crianças, jovens e adultos com deficiências, o curso introduziu aos educadores, assistentes e supervisores do Guri informações teóricas e lições práticas sobre a melhor forma de utilizar os livros didáticos que serão distribuídos aos alunos do Projeto em breve, além de ferramentas, como softwares específicos, em favor da inclusão e melhor desenvolvimento de alunos com deficiência visual.

“Como o aluno deficiente não tem a visão, ele tem bastante espaço de memória, o que facilita seu aprendizado. A dificuldade de um cego é a mesma de um vidente, o que muda é a motivação. No Guri, os alunos agora serão atendidos por profissionais capacitados, com acesso a partituras e livros didáticos em Braille, e vão ter domínio da linguagem musical, tornando-se músicos muito mais completos”, declarou Fábio.

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No Brasil, o método de escrita musical em Braille foi introduzido no início do século XX e sua disseminação tem sido feita, principalmente, por Dolores Tomé, quem criou, junto ao Professor Antônio Borges (da UFRJ), um modelo de software de editoração, denominado MusiBraille – apresentado e estudado pelos funcionários do Guri. Este programa, disponibilizado de forma gratuita, permite ao profissional da música traduzir os códigos do Braille na notação musical, com todas as regras e variantes. “Ter autonomia na produção das partituras em Braille é um grito de independência para o músico cego, que não precisará a todo tempo recorrer ao músico vidente”, afirmou o palestrante.

No segundo módulo do curso, que acontece semana que vem, as informações passadas serão fixadas por meio de exercícios e transcrição de novas partituras. “Foi sem dúvida um grande marco no que se refere à inclusão da pessoa com deficiência visual. O empenho e dedicação dos capacitados foram notórios. O ritmo intenso do primeiro módulo deixaria qualquer um de cabelo em pé, mas venceram o cansaço e mostraram a que vieram. Parabéns ao Guri pela iniciativa”, concluiu.

 

 

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