Fundação CASA Jacareí vai além do aprendizado musical


No dia 12 de agosto, foi realizada uma atividade socioeducativa na Fundação CASA Jacareí, envolvendo os alunos do Projeto Guri e alunos da Oficina de Rap que irão participar do evento MusiCASA 2015 – festival interno de música, que abrange vários centros da Fundação CASA. O objetivo era apresentar aos alunos elementos críticos que contribuíssem para uma reflexão maior sobre a importância de sua participação neste evento musical, trazendo como tema “A Arte Como Forma de Expressão”.

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Como disparador desta reflexão, foi apresentada a música “Comida!”, do compositor Arnaldo Antunes, destacando aos adolescentes a necessidade de a música ser uma ferramenta de expressão na década de 60, 70 e início dos anos 80, para reivindicar direitos perante o regime militar – época na qual o acesso à cultura e arte era restrito e direcionado diretamente pelo poder militar, sendo vários conteúdos censurados.

Os alunos foram convidados a analisar a letra da música, elencando situações atuais. Assim, as Supervisoras de Desenvolvimento Social do Guri, da Regional de São José dos Campos, Eliane Batista e Gisele Maria Lopes Guida, foram fazendo uma interlocução com as informações apresentadas pelos adolescentes, destacando as Leis contidas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e enfatizando a importância dos direitos e deveres estarem juntos.

“Foi um momento de dar conhecimento e voz a eles, que resultou na expressão de suas opiniões quanto à PEC 171, que propõe a redução da maioridade penal para 16 anos. Os adolescentes destacaram seus questionamentos quanto ao andamento da votação e trouxeram à roda de conversa pontos importantes para a reprovação desta PEC, ressaltando a importância de se investir no cumprimento de seus direitos, no acesso às oportunidades diversas, como ensino escolar de qualidade, cultura, esporte e alimentação, e de dar um acompanhamento adequado para adolescentes recém reclusos da Fundação Casa”, afirmou Eliane Batista.

Anexo sem título 01292Um dos adolescentes internos participantes aproveitou para frisar sua opinião: —“Sra., aqui temos a oportunidade de fazer coisas que lá fora não deu tempo de fazer, como estudar, aprender um instrumento, aprender arte, e eles acham que a cadeia vai nos ajudar? Lá não vamos ter oportunidade de escolher um novo caminho”.

As supervisoras do Guri ressaltaram a importância de eles participarem de eventos como o MusiCASA, onde a música pode ser uma maneira de expressar estas opiniões, sendo um instrumento de alto impacto nas pessoas, e que, neste ano, o evento tem um olhar direcionado para o aprendizado e conhecimento que tiveram no Centro, como forma positiva de desenvolvimento integral.

A Coordenadora Pedagógica do Centro, Fernanda Pocher, também contribuiu com a atividade, destacando o quão importante é manifestar o processo de aprendizado pedagógico. “Os alunos entenderam que agora é o momento de apresentar à população externa e ausente de conhecimento das ações realizadas nos Centros da Fundação CASA o reflexo do aprendizado por eles vivenciado no cumprimento da medida socioeducativa de internação (privados de liberdade)”, ressaltou.

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A atividade foi finalizada com a apresentação do vídeo “Em Suas Mãos”, parte da maleta do Canal Futura “Por que Pobreza?”, que destaca a história de um jovem que vive na Colômbia – cidade considerada a 11º mais violenta do mundo –, aparentemente bem conhecido, respeitado e talvez temido no bairro onde mora. Pelo caminho, ele relembra os anos difíceis que teve – sim, ele fez coisas ruins. Mas, para Yair, o mais importante é ter sucesso naquilo que se faz e, por isso, hoje ele se dedica a dar aulas de dança para a comunidade local, conquistando um lugar de respeito e admiração de todos.

“Os adolescentes puderam discutir e refletir quanto à importância de suas escolhas e a consequência que elas podem vir a ter em suas vidas. Observamos que ocorreu a participação positiva dos alunos, com os temas propostos, e eles finalizaram destacando a necessidade de ter mais ações como esta para que possam expressar suas opiniões”, finalizou Gisele, uma das supervisoras do Guri presentes na ação.

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