Diário de bordo: Projeto Guri na Bélgica!
Em janeiro, os guris do Grupo de Referência de Percussão, de Ourinhos, estiveram na Bélgica, para um intercâmbio cultural e musical. Confira abaixo tudo o que rolou nesta incrível viagem:
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1º Dia – Domingo, 25 de janeiro
Saímos de Ourinhos rumo ao aeroporto de Guarulhos, na hora do almoço. As famílias acompanharam a saída, desejando muita sorte aos talentosos guris. À noite, embarcamos. Para a maioria dos alunos era a primeira vez que voavam em um avião!
2º Dia – Segunda-feira, 26 de janeiro
Após uma viagem tranquila, com conexão em Amsterdã, chegamos à Bruxelas. A produtora e alguns membros do Groupe Percussions de Tournai (GPT) nos aguardavam no aeroporto. Foi muito bacana reencontrar os amigos belgas depois de seis meses – desde a vinda do GPT ao Brasil, quando estiveram em Ourinhos e São Paulo, tocando ao lado dos guris.
Fomos de ônibus até a cidade de Tournai, que fica a cerca de 1h30 de Bruxelas. Chegando lá, fomos para o Auberges de les Jeunesses (Albergue da Juventude), onde ficamos hospedados. Em cada cama do hostel tinha um presente para nós: um “buquet” de chocolates e doces belgas!
Após o descanso, fomos para nossa recepção, que aconteceu num espaço chamado Quai de Bananes, onde havia uma exposição de fotos sobre o Brasil. O grupo local Chtiganzá (batucada) se apresentou, e a nós coube fazer uma performance com pandeiros brasileiros – um sucesso! Muitos músicos da cidade e da região foram nos conhecer. Após isso, podemos apreciar um panorama noturno de Tournai, que é extremamente bonita e charmosa, além de sentir na pele o frio europeu.
3º Dia – Terça-feira, 27 de janeiro
Manhã reservada para ir à cidade de Mons… de trem! Grande parte dos guris nunca tinha andado neste meio de transporte, muito comum na Europa. Cerca de 1h depois, chegamos à capital europeia da cultura em 2015. Caminhamos até o Conservatório Real, onde teríamos um belo dia musical. Estudantes e professores do Conservatório nos aguardavam no auditório, uma antiga capela muito agradável.
Demos um workshop de samba para os estudantes locais e fizemos exercícios corporais no estilo Dalcroze (educador musical suíço) e no ritmo do samba. Falamos sobre o pandeiro brasileiro e todos puderam tocar este instrumento tão representativo da nossa cultura popular em uma grande roda de samba! Após um intervalo, falamos sobre a batucada, explicando cada instrumento dessa manifestação e botamos os belgas para batucar. Foi uma experiência muito interessante.
À tarde, assistimos a recitais dos alunos de Mons, com peças diversas e formações variadas: piano a quatro mãos, violão e clarinete, quarteto de cordas e até um DJ! Em seguida, o quarteto de percussão Akropercu, formado somente por alunos, se apresentou. Depois, uma surpresa para o Agnaldo, regente do GR Ourinhos: um bolo de aniversário e um parabéns belga!
Mais tarde, foi a vez de o GR Ourinhos se apresentar no auditório do Conservatório. O público assistiu a um concerto eclético, com peças de Camargo Guarnieri, Egberto Gismonti, Baden Powel, entre outros. O Grupo de Percussão do Guri foi extremamente aplaudido! Destaque para a cadência de berimbau, interpretada brilhantemente pelo Gabriel Peregrino.
Voltamos para Tournai e jantamos iguarias como camarão e lagosta, no restaurante Galerie d’Opera. Fomos dormir felizes da vida com nosso 1º dia de atividades musicais na Bélgica.
4º Dia – Quarta-feira, 28 de janeiro
Pela manhã, fizemos um passeio turístico por Tournai, acompanhados por um guia que nos explicava tudo, como, por exemplo, que a cidade, no passado, foi a capital da Gália (que virou a França). Caminhamos pelo centro da cidade, conhecemos a Catedral – uma construção que mistura os estilos gótico e romano – e subimos na torre da cidade… Que vista linda, e que frio!
Já no Conservatório de Tournai, o Agnaldo mostrou toda sua malemolência e deu um workshop de dança para as alunas de ballet do Conservatório: samba de gafieira. Foi demais! Ao mesmo tempo, os guris recebiam aulas de técnica de 4 baquetas para teclados, ministradas pelo professor Estephan, do Conservatório. Nossa galerinha mostrou grande desenvoltura e realizaram uma peça com 4 baquetas após pouco tempo de prática. Orgulho!
Demos um workshop de pandeiro brasileiro para os alunos mais novos do Conservatório e suas famílias. A molecadinha mandou ver e fizemos um arranjo do ritmo brasileiro de Ijexá, foi um momento muito rico de troca cultural. No final, os guris ainda fizeram uma batucada, com direito a explicação sobre este tipo de samba.
Partimos para uma Jam Session no espaço The Code, onde também jantamos. A Jam contou com batera, percussão geral, vibrafone, pandeiros, batucada, piano, baixo, cello… foi incrível! Muito bacana o intercâmbio musical belga-brasileiro. Como se diz no mundo musical: todo mundo quebrou tudo!
5º Dia – Quinta-feira, 29 de janeiro
Neste dia, tocamos três concertos didáticos diferentes em um belo teatro da escola Notre Dame (Tournai), mostrando para mais de 1.000 estudantes belgas um pouco da música brasileira. O almoço foi na própria escola, com um menu clássico belga: batatas fritas! Além de uma almôndega muito saborosa.
Jantamos no hostel e fomos ensaiar com o Groupe Percussions de Tournai, na Igreja de Saint-Quentin. O ensaio foi bem produtivo, mesmo com a dificuldade de se acostumar com a acústica de um espaço enorme. No meio do ensaio, fomos chamados às pressas para fora da igreja… Estava nevando! Os guris ficaram encantados com o gelo que caía do céu, foi um momento mágico. Fomos dormir com frio, mas muito felizes.
6º Dia – Sexta-feira, 30 de janeiro
Manhã livre. Uns foram passear, outros fazer compras, outros dormiram mais um pouco. Almoçamos novamente na escola Notre Dame e fomos para a igreja onde tocaríamos à noite. Fizemos a passagem de som e ensaiamos algumas peças em conjunto com o GPT. Às 20h, começou o concerto: ingressos esgotados, casa lotada, presença de emissoras de televisão filmando tudo e, o melhor, um concerto extremamente bem tocado! A plateia foi ao delírio e aplaudiu de pé ao show ali dado – algo um pouco raro na Europa. Um arraso!
Jantamos no hotel e fomos comemorar num café chamado Aux Amis Reunis (Os Amigos Reunidos). Lugar perfeito para concluirmos nossa estadia em Tournai, junto aos muitos amigos que fizemos durante a semana. Neste café, havia um jogo tradicional de Tournai, chamado Jeu Du Ferre (Jogo do Ferro), os guris se divertiram muito jogando e demos boas risadas.
7º Dia – Sábado, 31 de janeiro
De manhã, pegamos um ônibus rumo a Bruxelas. Chegamos e já fomos passear pela capital belga. Andamos pelo centro da cidade, conhecemos o palácio do rei (sim, a Bélgica tem rei!), a Praça Central, o Maneken Pis e apreciamos a bela arquitetura desta incrível cidade. Teve até uma canja do guri Rafael, que tocou pandeiro com um sanfoneiro nas ruas do centro da cidade. Tomamos um delicioso chocolate quente e os guris fizeram compras. Jantamos pizza e passamos o tempo com os jogos do salão do hotel (outro Albergue da Juventude).
8º e último dia – Domingo, 1º de fevereiro
A produção belga preparou uma surpresa para os guris: um passeio numa estação de esqui! Fomos para Barraque Du Fraiture, onde vimos muuuuita neve. Brincamos de guerrinha de neve e andamos de trenó. Foi muito divertido e uma experiência incrível, com direito a muitos tombos. Lanchamos por lá, dessa vez uma comida típica: fricandelle, e voltamos a Bruxelas.
O Les 3 Fréres é um restaurante muito charmoso, onde jantamos com a presença de muitos amigos de Tournai. Foi uma despedida muito emocionante, com direito a lágrimas na hora de partir.
Voltamos ao Brasil transformados, com experiências inesquecíveis na mala. Além de termos representado o Projeto Guri e a música brasileira em solo europeu, pudermos conhecer uma nova cultura, fazer muitos amigos e viver momentos únicos. Os belgas ficaram impressionados conosco, tanto pela parte musical, como pela simpatia e alegria. O Projeto Guri fez história na Bélgica, nunca mais seremos os mesmos… nem eles!
Texto escrito por Chico Santana, Gerente Artístico da Amigos do Guri.