Dando coragem aos pássaros para voar


Texto de João Ramalho, Supervisor Educacional da Regional do Guri em São José do Rio Preto

 

Este texto orgulhosamente divulga os mais recentes casos de sucessos do Grupo de Referência do Guri de São José do Rio Preto – uma camerata de cordas – neste início de temporada. Tivemos mais três de nossos alunos ingressando em alguns dos mais importantes centros de formação acadêmica do país: as alunas Gláucia Marques (violoncelo), Marina Davi Gama (violino) e Giovanna Nunes (violino) tiveram suas matrículas confirmadas respectivamente nas instituições: USP – Ribeirão Preto; UNICAMP e Instituto BACCARELI.

Ressalta-se aqui que as três alunas iniciaram suas atividades com seus instrumentos nos polos de Mirassol, de Rio Preto e de Guapiaçu, partindo tecnicamente do “zero” e passando por todas as etapas de construção pedagógica oferecidas pelo Projeto em suas cidades, até chegarem ao Grupo de Referência da região, de onde agora partem para a realização de sonhos ambiciosos rumo a carreiras artísticas de muito trabalho e, permita Deus, de muito sucesso.

No Grupo de Referência, essas moças – com o patrocínio do Guri – tiveram a oportunidade de viajar nos últimos quatro anos de suas vidas para participarem de Festivais em seus meses de férias escolares e receberam a ajuda inestimável do Projeto, que deslocou até nossa região nomes de músicos como: Arthur Barbosa, Jean Reis, Alejandro Drago, Ana Janaína Murakawa, além dos indispensáveis companheiros de jornada André Sanches e Fábio Almeida (Coordenadores Técnicos Artístico-Pedagógicos do Guri).

Tanto desprendimento e esforço pessoal de tanta gente – que seria quase impossível enumerar aqui – vem apegar-se hoje indelevelmente à história de vida delas, que um dia, ainda como garotinhas desajustadas e assustadas, vimos entrar pelas portas do Projeto.

A elas, somam-se também os nomes de Fernanda Pavan (viola) e Wallisson Cruz (violoncelo), na USP – Ribeirão Preto; Guilherme Pelaez (contrabaixo acústico) e Rafael Merlon (contrabaixo acústico), na UNESP; Adriel Ferraz (violino), na Universidade Cantareira, entre outros. De Adriel, ouvi no ano passado, em depoimento dado à novos membros do Grupo que iniciavam naquele momento suas atividades na orquestra, que: “(…) aprendi aqui a amadurecer, a me comportar, a ser respeitado, a lutar contra as minhas limitações e a nunca desistir dos meus sonhos(…)”, disse. Com a voz emocionada, embargada pelo choro, o aluno de violoncelo Wallisson Cruz concluiu a observação de seu colega, já sem palavras para se expressar: “(…) passei no Grupo de Referência os melhores anos da minha vida (…)”.

Destes últimos casos de sucesso, os alunos Adriel, Wallisson, Gláucia e Giovanna estiveram em viagem aos Estados Unidos, para um evento que praticamente marcou o início da caminhada do grupo pelos caminhos da arte. Fico pensando na importância daquele momento para a transformação de jovens interioranos assustados em seres humanos maduros, que hoje deixam suas famílias e partem sonhadora e destemidamente rumo ao desconhecido. A grande maioria deles jamais havia saído dos limites demarcados pela nossa região.

E diante de tanto progresso, nos despedimos, já com muitas saudades, destas jovens que partem hoje de nossas fileiras, lembrando das palavras finais de uma crônica de Rubem Fonseca, que ao libertar de uma gaiola o seu pássaro “sofrê” de lindo canto, se despede dele dizendo: “(…) meu coração está mais triste, mas mais aliviado também”.

 

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