Alunos e educadores do Guri tocam em festival na Suécia


ethno australia

Foto do festival Ethno Australia 2014

Viola, violão e percussão. Essa será a mescla de sons do Brasil a ser apresentada em Rattvik (noroeste de Estocolmo), de 25 de junho a 3 de julho. Quatro músicos do Projeto Guri, entre alunos e educadores, participam, pela primeira vez, do Festival Ethno – festival de música étnica internacional, criado pela Jeunesses Musicales International (JMI), maior ONG de música para jovens do mundo, criada em 1945. Durante quase 10 dias, eles participam de aulas, workshops, encontros musicais e concertos abertos, ao lado de 97 jovens de mais 20 países, entre eles: Dinamarca, Noruega, Grã-Bretanha, Quênia, Romênia, Bulgária, Índia, Paraguai e Estados Unidos.

Os selecionados pelo Projeto Guri – segundo quesitos como: desempenho musical, boa qualidade técnica e conhecimento de ritmos populares brasileiros – são: Eduardo Scaramuzza, educador de percussão do Projeto Guri de Campinas; Jonatas Campos de Oliveira, percussionista e aluno do Grupo de Referência do Guri de Sorocaba; Lohan de Souza Silva, aluno de viola caipira do Grupo de Referência do Guri de Franca; e Isabela Cristina da Silva, aluna de violão, também integrante do Grupo e Referência do projeto em Franca.

Todos os participantes do festival, incluindo os jovens do Guri, têm de 17 a 25 anos e ensinarão uns aos outros músicas típicas de seus países, auxiliados por profissionais chamados de líderes (músicos de nacionalidades e formações diversas). O sistema de aprendizagem é de ouvido, não há partituras.  Este ano, o renomado maestro sueco Ale Moller está entre os músicos que dividirão suas experiências e ensinamentos com os presentes.

Os jovens convivem durante todo o tempo do festival num acampamento onde são ministradas as aulas. Ao final desta convivência, os músicos se apresentam em concertos abertos, como no tradicional festival sueco Music at Lake Siljan, que acontece desde 1969.

“É uma oportunidade única para os jovens do Guri, pois o resultado final é incrível, muito comovente. O clima das apresentações é de muita colaboração e a riqueza musical é impressionante, muitos ritmos, harmonias e melodias diferentes”, relata a diretora executiva da Amigos do Guri, Alessandra Costa, que já acompanhou uma edição do Ethno na Croácia.

O educador de percussão do Projeto Guri no polo de ensino Nelson Mandela, em Campinas, Eduardo Scaramuzza, de 22 anos, acredita que o Ethno trará muitos benefícios para sua carreira, ao colocá-lo em contato com sons ainda pouco conhecidos, como os africanos, por exemplo. “Ter a chance de estudar novos ritmos e conviver com culturas diferentes é uma oportunidade maravilhosa. Vejo que minha vida profissional pode ser mais voltada para a percussão popular e, para mim, é muito importante participar deste festival”, conta ele, que estuda percussão sinfônica na Unicamp.

Já Jonatas Campos de Oliveira, de 18 anos, é de Pilar do Sul e conta que, além de ser uma experiência única no quesito profissional, o festival será inesquecível também porque é primeira vez que viaja de avião. “Estou muito feliz por ter sido escolhido, é uma grande oportunidade de ter contato direto com músicos de diferentes países e também ter grande convivência musical com alunos e educadores do Guri de diferentes formações”, avalia.  Participar do Ethno também mudou seus planos: “Antes minha vontade era estudar nos Estados Unidos, agora pretendo voltar minha carreira para a Europa e tentar entrar num conservatório por lá”.

Lohan de Souza Silva, de 17 anos, aluno de viola caipira do Grupo de Referência de Franca, pensa em ensinar aos jovens de outros países as canções “Brasileirinho” e “Tico-Tico no Fubá”. “Ainda estamos definindo as músicas que vamos mostrar na Suécia, mas acredito que representam boa parte de nossa cultura”. Essa é a primeira vez que o aluno sai do Brasil. Isabela Cristiana da Silva, colega de Lohan no grupo de referência de Franca, avalia que a viagem à Suécia trará um enorme aprendizado para seguir carreira em violão clássico aqui no Brasil. “Eu nem acreditei quando me disseram que eu iria ao Festival, estou bastante contente e curiosa para aprender e ouvir músicas diversas”, diz.

O Ethno existe há 26 anos e é um dos projetos da JMI, da qual a Amigos do Guri – organização social de cultura que gere o Projeto Guri no interior e litoral – é membro.

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