Projeto Guri usa a música para socializar alunos especiais (site Meon)


Projeto Guri usa a música para socializar alunos especiais

São José dos Campos, 16 de Agosto de 2014 às 00h08.

Renan Simão

meon

 

Integração entre os alunos é o principal objetivo das aulas

Divulgação/Projeto Guri

Ray Charles e Stevie Wonder ultrapassaram suas deficiências visuais para se tornarem gênios do piano. O guitarrista Herbert Vianna é cadeirante e símbolo do rock nacional. Há indícios que Wolfgang Amadeus Mozart tinha distúrbios próprios da síndrome de Asperger, um transtorno que se equipara ao autismo, e mesmo assim é considerado um dos maiores compositores clássicos da História.

São exemplos como esses que motivam alunos com necessidades especiais, que começam na próxima semana as aulas de música no Projeto Guri, em 24 polos da RMVale.

Embora o virtuosismo não seja o objetivo do projeto, mas sim a socialização entre os estudantes, 11 jovens, entre 6 e 18 anos de idade, portadores de deficiências como síndrome de Down, autismo, síndrome de Asperger, esquizofrenia e deficiência visual têm classes de violão, percussão, canto, entre outras. Aulas realizadas com a integração de todos os alunos.

“A criança tem uma limitação, isso não dá para você tirar. Os nossos educadores fazem com que todos os alunos interajam com essas limitações”, afirma Eliane Batista, supervisora de desenvolvimento social do Projeto Guri em São José dos Campos.

“Nós trabalhamos sempre junto com a família e o nosso termômetro é quando a mãe vem falar com a gente sobre o aluno. Em muitas vezes, o jovem acaba no mesmo nível que os outros”.

Segundo Eliane, o método de ensino do Projeto Guri não tem a ver com musicoterapia, pois a música não é um fim, mas um instrumento de socialização.

Histórias
Sem revelar nomes, a educadora conta situações de melhora na vida desses estudantes. Uma jovem violinista com déficit intelectual, de Taubaté, era “muito introspectiva” e, depois de participar das aulas, está cursando faculdade.

O supervisor educacional regional do Guri em São José dos Campos, Alexandre Luiz Pereira, conta que foi professor de canto de coral de dois alunos com síndrome de Down. “Um era mais hiperativo e saiu rápido e o outro, que ficou muito tempo, cantava bem e era super respeitado entre os demais alunos”.

Para a supervisora Eliane, o tratamento entre os alunos deve ser o mesmo, até para aqueles sem deficiência, mas que têm dificuldades de aprendizado. “Nós educadores não vamos carimbar na testa do estudante que ele tem isso ou aquilo. Ele tem uma limitação, mas isso não pode ficar na cabeça dele ou do professor dizendo que ele não pode passar de tal ponto. O educador tem que acreditar que o aluno pode mais para conseguir ensinar”.